"Até que tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto,
onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar, onde vidro, concreto."
João Cabral
renegou dar a viver no claro e aberto,
onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar, onde vidro, concreto."
João Cabral
A palavra, de rio, tornou-se poço.
Estanque, domada, em situação dicionária.
Para em seguida perder toda sua dimensão aquosa,
molhdada e molhante, seu devir-linguagem.
E engessada, necrológica, figurar em contratos, jornais
escrituras, testamentos, certidões
A palavra petrificou-se à sua própria revelia.
Tornou-se ouro em tempos de capital.
Ouro que é, em sua estática dimensão.
Ouro de tolo. Ouro de tolos. Ouro de todos.