Olhas,
e teu olhar não tem o
caráter passivo do observador.

Olhas,
e é mais de felino
que de humano o teu olhar.

Olhas,
e o fazes como quem é olhado.
Numa sinestesia que te é intrínseca:

Olhas como quem pega.
Como se teu olho
tivesse o dom do tato.
Um dia desses, após assistir O ano passado em Marienbad, e me surpreender com o fantástico filme do Resnais, fiquei me perguntando se ele entraria para um top 10 com os meus filmes favoritos, não os melhores filmes de todos os tempos, que fique bem claro, mas os meus favoritos. A resposta que obtive foi: qual é o meu top 10? Então, por mera curiosidade, resolvi fazê-lo, mas foi aí que me deparei com um grave problema, como classificar objetivamente filmes que mexem com a subjetividade? Resolvi, então, apenas jogá-los, sem posições definidas nessa lista. Pois é, mas o que deveria ser uma lista de 10 filmes, acabou virando uma lista de 20 filmes, tamanha a dificuldade que tive em selecioná-los. Fiquei triste posteriormente por não ver ali nenhum representante brasileiro, apesar de Deus e o diabo na terra do sol passar raspando. Mas os brasileiros na certa não passarão em branco numa lista de diretores que eu planejo fazer no futuro. Bem, sem mais delongas, aí vai a lista, que daqui a uma semana já deve sofrer alguma alteração, ou alterações, mas que, por hora, é esta:


Stalker (Andrei Tarkovski, 1979)
Andrei Rublev (Andrei Tarkovski, 1969)
Poderoso chefão - a trilogia (Francis Ford Coppola, 1974/4/90)
8 1/2 (Frederico Fellini, 1963)
O ano passado em Marienbad (Alain Resnais, 1961)
O processo (Orson Welles, 1962)
Crepúsculo dos deuses (Billy Wilder, 1950)
Persona (Ingmar Bergman, 1966)
Barry Lyndon (Stanley Kubrick, 1975)
2001 - Uma odisséia no espaço (Stanley Kubrick, 1968)
O anjo exterminador (Luis Buñuel, 1962)
Rocco e seus irmãos (Luchino Visconti, 1960)
A aventura (Michelangelo Antonioni, 1960)
Psicose (Alfred Hichtcock, 1960)
Corpo que cai (Alfred Hichtcock, 1958)
Rastros de ódio (John Ford, 1956)
Era uma vez em Tóquio (Yasujiro Ozu, 1953)
Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976)
Aurora (F. W. Murnau, 1927)
Um Homem com uma câmera (Dziga Vertov, 1929)

Últimos filmes vistos (sábado a sábado), de zero a cinco estrelas:

Cenas de um casamento (Ingmar Bergman)*****
Dr. Mabuse (Fritz Lang)*****
Da vida nada se leva (Frank Capra)**
A montanha dos sete abutres (Billy Wilder)*****
Notícias de uma guerra particular (João Moreira Salles)***
A batalha de Argel (Gilo Pontecorvo)*****
O fim e o pincípio (Eduardo Coutinho)*****
O anjo exterminador (Luis Buñuel)*****
Antoine e Colette (François Truffaut)***
Beijos proibidos (François Truffaut)****
Domicílio conjugal (François Tuffaut)***
Amor em fuga (François Truffaut)**

Um adendo: é impressionante como Amelie está todinho nos filmes do Truffat - a personagem insegura nos relacionamentos, a narração francesa onisciente em off, a foto achada numa cabine e um relacionamento amoroso provindo daí, um senhor que não sai do apartamento. Tudo!