Para elas...

(1)

O que pele e alma, paixão distante
Quilômetros afugentaram a constância dos amantes
A melancólica ausência estampou-se nos semblantes
E o relógio que outrora depois, parece agora clamar antes

Amontoado de tempo destempo
Medidas disformes de tempo
Horas e dias cujo volume varia
À medida que a saudade desvaria

O passado subordinando o presente
A lente trocando de foco
O invólucro da vida quedando-se doente
Pierrot e Colombina mudando de bloco.

(2)

a poesia é intraduzível,
e quando adquire textura:
sangue, osso, carne
que mesmo após apagados, diluídos, desmanchados
tem vasão no charme
aí então é que não se mensura.

Um comentário:

Luiza M. disse...

Uma honra ser exemplo, Bérna. Cê sabe que adoro demais esse poema.


Quanto o modo ardiloso da sua literatura, diferentes meios para o mesmo fim; as dores do parto.