De quando sorris

Sorris, e o fazes
menos com a boca
que com os olhos.


Se lembras fogos de artifício
pela beleza e opulência do estouro,
é do fósforo que tens a constância.

Avessa àquela explosão fugaz
- da terra para o ar-
é a natureza do teu movimento.

Buscas tua fagulha no ar,
incendeia-te nos olhos
e o sangue distribui teu calor.

Sorris, primeiro, com as pupilas
depois os dentes, os braços, os seios,
o quadril, as coxas, e por fim os pés.

Sorris como fósforo que se queima,
mas sem o ônus da cinza.
Perpetuas tua alegria comunicando-a à terra.

Daí teu gosto pelo natural,
pela grama roçando-lhe a sola,
pela lama percorrendo-lhe os dedos.